domingo, 21 de agosto de 2011

Imagine... e sinta

Como é frio aqui, e a paisagem é gélida, e posso descrever cada sensação daqui. Agora estou só, sentadinha embaixo de uma árvore e meu vestido longo florido me aquece. As folhas desta árvore se soltam sem rumo e caem me acariciando de leve.
 Meus cabelos encaracolados são iluminados pelo Sol que aparece meio acanhado, e que também ilumina os verdes vales.
 Estou a sós com uma árvore e uma paisagem quase que surreal a mim, e num tempo frio o Sol some de leve e se despede quando uma nuvem escura entra na sua frente. Sinto falta do Sol, mas contemplo o frio e o momento nublado.
 Estou com a roupa do corpo e uma bolsa que ganhei de uma hippie, dentro dela coloquei meu caderno e uma caneta. Pego esse caderno de linhas tortas e mergulho nas histórias que inventei ou que vivi, e quando menos espero me aparece um animal em um surpreendente salto na minha frente, ele é fofo e lindíssimo, mas não sei distinguir, e observo-o com veemência sem esperar que se aproxime, e num salto também surpreendente ele se vai correndo dentre os verdes vales, agora opacos. E eu sorrio surpresa. O Sol não volta mais, e eu quero escutar alguma música, mas ali não dá, estou desprovida de aparelhos eletrônicos, então penso em piano, doce piano. Eu não estou triste, mas a canção que me vem a cabeça é de melodia triste, e cai muito bem para o lugar. Eu escrevo sem parar como quem viaja sem rumo e quando me dou por mim, já não faz mais frio e o tempo já escureceu, ainda me estou debaixo da árvore e não tenho medo da noite que cai devagar eu me deito na grama baixa e meu vestido me protege do chão. Me pego a observar as estrelas, tiro a conclusão de que estão tímidas, brilham de uma forma diferente, algumas ainda piscam pra mim, como se tivesse algo a me dizer, mas não entendo e espero pra saber. Num suspiro meu, vejo-me envolta pelos vagalumes que ali aparecem e iluminam o lugar por inteiro, refletindo principalmente nas águas tranquilas do rio que passam dentre os vales. Aqui é tão bom que abro meus braços pra sentir a energia, e repentinamente sem que eu perceba, uma luz muito forte ilumina meu corpo por inteiro, e me dá uma sensação de proteção, e agora entendo que o que as estrelas queriam anunciar era a chegada da Lua. Lua mãe da escuridão, e da minha alma. Eu estou tão feliz, leve e feliz, e sozinha. Nunca imaginei que um dia se eu estivesse só, seria feliz, mas esta é a paz do Vento, a paz que me faz feliz! E por falar em Vento, aqui ele é calmo e equilibrado, me deixa estável.
 Escuto os bichinhos noturnos se comunicarem, e soa como canção aos meus ouvidos, entorpecem minha mente num sono tão profundo, que deito e durmo e não sinto medo algum de dormir ali naquele chão, sozinha. Quando acordo, acordo na minha cama, numa casa dentro de uma cidade feita de pedra. Acordo escrevendo nas linhas tortas da minha imaginação fértil.



                                                                                  Graninha.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Sozinho no tempo ou no espaço...♫

Só...
  Assim sem nada e ninguém, assim como estou, assim por mim só.
Como quem sofre dentro de um dor interminável e isolada como quem ama e não se sente correspondida, como o tal ponto final num texto onde não há palavra alguma. Só assim sem dó, como estou...só. Como um simples cometa despertando interesses alheios, como uma estrela com brilho fraco à noite, à noitinha mesmo.
 Ao sentir dor me sinto só, e num conjunto permaneço só, até quando canto minha voz me abandona, e sintéticamente estou rodeada, sintéticamente feliz....Sintéticamente.
 Só, como um único filho do vento...só, como vim ao Planeta...Só!
  Livremente só!

                                                                        Graninha.